segunda-feira, 12 de outubro de 2009

CAPÍTULO XVI


Paixão e morte de Jesus. Seus primeiros instantes ao abrir os olhos do espírito no mundo espiritual. Observações que lhe dizem respeito e referentes às condições da vida humana que se desenvolve em geral no meio das trevas da maldade e da ignorância.

Irmãos meus, a morte revela ao espírito o seu passado e o seu futuro.
A morte desprende a alma da matéria e liga-a estreitamente ao espírito, de maneira que o espírito torna-se invulnerável por meio da alma. Quer dizer que não tem mais falta de memória, ímpetos furiosos, interrupções ou diminuições em sua penetração e atividade, porque a alma, livre das quedas que lhe imprimia a natureza corporal, dilata-se constantemente ao contato das perfectibilidades da inteligência. A alma associada ao corpo se atrofia na atmosfera das causas mórbidas e o espírito torna-se pesado pela embriaguez dos sentidos materiais, deixa de ser produtor e arroja-se nos braços de extravagantes demonstrações.
A morte devolve a alma e o espírito à natureza que lhes é ine-rente; uma contemplativa, a outra laboriosa; as duas se alimentam do princípio espiritual, até sua próxima nova dependência da natureza humana. A morte guarda ao espírito suas lembranças consoladoras e do mesmo modo as funestas. Para um ser malvado a lembrança é um castigo; para os fortes e os justos é o consolo e o engrandecimento. O remorso toma formas diferentes, todas fundamentadas sobre as impressões das recordações, e o benefício da esperança não existe para os infelizes que se encontram embargados pela visão do delito e do temor da represália. A luz do porvir faz-se mais ou menos clara para os espíritos volvidos à liberdade devido à morte corporal.
A liberdade conquistada na luta da inteligência com os instintos carnais prepara o espírito para a audácia de todas as tentativas e a alma para a força de todas as sensações.
A ciência nasce da liberdade do espírito e da força da alma. Ela desilude a criatura das grandezas efêmeras e dá-lhe o desprezo pelas cousas humanas.
Os desviados do sentido moral, os famintos de alegrias mun-danas, os indignos possuidores das faculdades intelectuais, os heróis assassinos, todos os ímpios por ociosidade, todos os incapazes por covardia, encontram-se dominados pelo terror na vida espiritual, até sua primeira correção do orgulho, que assinala a primeira impressão corroborante de sua alma, o primeiro esforço de seu espírito, para compreender algo mais do que os rodeia.
A fácil compreensão de sua transformação abrevia para o espírito o momento da penosa surpresa, ao mesmo tempo que certa presteza de raciocínio o dispõe para a resignação, para a coragem, para o estudo. Em todas as mansões espirituais encontram-se misturados espíritos de aptidões diversas. Em cada etapa da vida humana mantêm-se espíritos superiores à generalidade do povo. A Terra recebe espíritos novos, obrigados a se emanciparem com provações, cuja duração e rigor são estabelecidos pela justiça de Deus.
A Terra recebe em seu seio espíritos pervertidos, marcados com um estigma pela justiça de Deus e que somente se apagará depois de numerosas estadas entre os homens.
Além destes dois aspectos da humanidade terrestre, os espíri-tos se distinguem por seus graus de adiantamento.
Imediatamente depois dos espíritos demasiado novos para compreenderem o princípio espiritual, temos o espírito preguiçoso, o espírito cético por orgulho, o espírito supersticioso por fraqueza, todos responsáveis por seus atos e que podem melhorar na vida espiritual. Os inteligentes, os investigadores, os sábios, os apóstolos e os Messias adejam nas mansões materiais e constituem os focos do progresso. Os espíritos considerados capazes de colaborarem no progresso universal, encontram-se repartidos e colocados nos mundos carnais, de acordo com as forças de que cada um dispõe e segundo o adiantamento moral que deve resultar de sua ação nos determinados centros humanos, mediante o bom cumprimento de sua missão. A esses corresponde penetrar o mistério da vida e da morte, não obstante as trevas que os rodeiam; corresponde-lhes também fazer reconhecer e adorar o princípio criador e inteligente, fonte de ciência e de imortalidade, reduzir a pó os ídolos e levantar um templo a Deus.
Se desviam seus olhares do objetivo que lhes está assinalado, se se apartam do progresso para seguir as velhas contendas das paixões corporais, se se formam um ideal de glória pessoal com o desprezo dessa sublime tradição de seus antecessores, isto é: “Que é preciso vencer ou morrer, pela verdade, qualquer que seja o cortejo imposto às vitórias ou às derrotas; que é preciso sacrificar o interesse pessoal pelo interesse geral e elevar-se entre os homens, humilhando‑se diante de Deus” se, finalmente, eles perdem a fé e a coragem, se sucumbem, Deus os separa,momentaneamente, da grande falange de seus mandatários.
A Terra teve e tem ainda muitos Messias, apóstolos, cientistas, investigadores e inteligentes. Mas podem-se contar facilmente os espíritos que, mediante uma força de vontade persistente, hajam determinado movimentos sensíveis na marcha ascendente da Humanidade.
Estes espíritos meditativos ou agitadores, que trazem a boa nova para o futuro, raras vezes se vêem honrados e seguidos durante sua passagem humana. Quase sempre se extinguem em uma obscuridade miserável ou morrem ignominiosamente diante do povo.
Já fizemos a narração da morte de Jesus tendo por espectador o povo; ocupemo-nos, irmãos meus, da felicidade de Jesus depois de sua morte corporal e das recordações que conservou, depois de séculos de transfiguração, sem exagerar a parte desta confidência de meu espírito para com os vossos espíritos.
Demonstrei-vos minha personalidade, afirmei-vos minha iden-tidade, contei-vos minhas fraquezas, meus sofrimentos, minhas horas agradáveis, meus lampejos entre as sombras da natureza humana e meu martírio sobre a cruz. Não terei que completar agora minha obra iniciando-vos nas delícias de minha alma, nas honras de meu espírito, ávido de amor e de descobrimentos?
A morte corporal causa o aniquilamento da faculdade pensante e dos ímpetos da alma. A matéria dorme para sempre, a alma e o espírito dormem durante uma temporada limitada pela justiça divina.
A alma e o espírito de Jesus dormiram durante algumas horas.
O apagar-se das cenas terríveis a que havia assistido Jesus como ator principal foi o primeiro benefício de seu despertar e a certeza de sua felicidade veio-lhe da recordação de sua memória.
Jesus esquecia seu recente passado, entretanto recordava as promessas feitas à sua laboriosa atuação. Jesus nada percebia já das torturas humanas e sua alma parecia voltar a um formoso sonho ao mesmo tempo que seu espírito buscava o motivo do movimento que se produzia a seu derredor e a causa das excitações de sua vontade para sacudir o entorpecimento que o mantinha imóvel.
Pouco a pouco o sentimento de sua própria força se mistura-va com os desejos de Jesus, e manifestou sua presença com uma invocação de poucas palavras:
“Meu Pai.”
Muitas vozes lhe responderam:
“Deus te ama e te abençoa!
Muitos rostos se inclinaram sobre o meu, reconheci-os e lhes sorri... E a luz feita tornou-se mais intensa.
Espíritos dispersos se reuniam; a harmonia das cores dos sons inundou a alma de Jesus em um êxtase divino e seu espírito cla-rividente mediu a extensão das conquistas da inteligência, chegada à possessão da força espiritual, livre das fraquezas da natureza material. A subordinação de sua alma descobriu a Deus e sua li-berdade espiritual entreviu no infinito os trabalhos inumeráveis da ciência infinita.
As emanações sensitivas das perfeições de Deus resultam como uma alavanca para alcançar as honras da perfeição de Deus e a vida espiritual, em regresso possível à vida material, constitui um êxtase completo, formado pelos tesouros do amor de Deus.
Jesus começou com demonstrações limitadas no meio de sua família espiritual, depois elevou-se na hierarquia espiritual, estudando os princípios gerais do Universo.
Todos os espíritos, em tal estado, sem possível regresso à vida carnal, estão dispostos para o estudo e colocam em comum suas forças para fecundar o caminho dos mundos.
Todos estão ligados pelo amor fraterno e se fortalecem com urna contínua dedicação para as cousas inferiores dentro da ordem universal, todos devem ou podem descrever as harmonias da criação. Porém, se os seres no estado espiritual permanecem intimamente ligados em suas forças para concorrer à glória do Criador, acontece com eles o que sucede com todos os seres de uma mesma categoria: os entusiastas vão na frente dos tímidos e os retardatários se vêem estimulados pelo exemplo e animados pelo amor.
Que uma sombra entre tantas sombras, que uma luz no meio de tantas luzes, atraia mais especialmente as investigações do espírito; este espírito, apesar de precedido e seguido por milhares de outros, pode iniciar‑se entre os primeiros nas causas da sombra, nas fases da luz.
Geralmente a sombra anuncia um germe de futuras explosões, ou um mundo espiritual transitório ou ainda um mundo carnal em decrepitude.
A luz indecisa e parcial indica a incerteza dos princípios conservadores e frutíferos, tanto seja de um mundo espiritual, como de um carnal. A magnificência de Deus manifesta-se principalmente onde resplandecem os sóis e os mundos de primeira magnitude. Estes sóis e estes mundos não são iguais, e suas evoluções seguem a posição, ou estão em relação com a posição que ocupam nos planos do Éter.
Jesus devia recordar sua anterior mansão muito cedo para cumprir as promessas que havia feito a muitos; muito tarde para que seu espírito não se visse turbado por imagens de morte.
De elevada esfera habitada por ele, Jesus avistou a Terra e procurou os meios para revelar-se a seus amigos. A manifestação do pensamento poucos preparativos exige do pensamento, desde que só faz falta alguma semelhança dos desejos do mesmo instante, para que o espírito, livre dos vínculos materiais, se identifique fa-cilmente com o espírito humano.
As manifestações mais raras do pensamento para com o pen-samento, evidenciadas com formas ostensivas, dependem de uma faculdade preventiva ou acidental, que o espírito humano honra e da qual faz mau uso.
Não é esta a oportunidade para indicar os perigos e os escolhos de qualquer manifestação provocada com propósitos fúteis de curiosidade ou de interesses materiais, porém, o que devo afirmar é que os espíritos de luz não empregam as manifestações ma-terialmente comprovadas senão para a glória de Deus e em cum-primento de um dever fraternal.
Jesus, acostumado a ler no espírito de seus amigos mais es-timados, encontrou-os dispostos a reconhecer os benefícios de suas inspirações e os consolou e amparou nas provas que tiveram que suportar e consolidou sua fé; colocou também na alma de muitos dos que o haviam perseguido, o remorso do delito e o desejo de sua reparação. Jesus iluminou os ignorantes e os fracos; Jesus comunicou-se com as almas amantes e estas almas amantes arrancaram-se da visão da cruz para entreterem-se com seu predileto. Jesus honrou a todos os que lhe haviam dado uma parte de sua confiança e afeto. A morte corporal de seus perseguidores arrependidos não lhe fez esquecer a dívida do coração e o apoio fraternal que lhes devia. Através dos diferentes povos por que passaram, através das honras e humilhações que atraíram para si com seus trabalhos e virtudes, todos descansaram com freqüência em uma mansão preparada por Jesus. A cada etapa espiritual da viagem, eles gozaram das doçuras da reunião.
Firmemente convencido dos decretos de Deus e da justiça destes decretos, Jesus permaneceu tranqüilo espectador das fra-quezas, dos erros, dos delitos... e, sempre, honrado por sua missão, esperou com paciência que chegasse a hora de demonstrar-se.
No meio das perseguições, entre os resplendores sinistros das chamas, os povos dormem no embrutecimento. Despertados pouco a pouco pelo eco das alegrias principescas, os povos aspiram o ódio e semeiam o terror entre os representantes da ordem social. No re-pouso que segue as revoluções humanas, a sabedoria se impõe e o escritor, o pensador, o filósofo, pedem ao passado ensinamentos para o porvir. A liberdade dos povos, mediante as luzes da razão, efetua-se também, progressivamente; e a aliança dos mundos carnais com os mundos espirituais estimula a marcha intermitente do progresso.
Jesus havia conservado relações de século em século, porém não podia deter os movimentos de revolta, nem moderar os efeitos do abuso de autoridade, pois que sua mediação direta e persistente não conseguia vencer as dificuldades da hora muito prematura, para desempenhar-se como verdadeiro parlamentário.
Muitas vezes, no século em que nos encontramos, tentou manifestar-se. Estas experiências foram funestas; e ainda no dia de hoje sua narração contém abstrações de forma, juízos incompletos, porque o espírito depositário, lutando sem descanso contra obstáculos materiais, precisava que Jesus usasse de cautela ao fazer chegar sua palavra, para que o mesmo depositário não tivesse que sucumbir sob o peso de emoções fortes e muito repetidas.
As honras da mediunidade não se adquirem sem causar trans-tornos ao organismo humano e esses transtornos determinam fre-qüentemente o desequilíbrio das faculdades mentais.
Os escolhos contra os quais tropeçam tantos espíritos, ainda que predispostos para a mediunidade, tinham que ser evitados por aqueles que Jesus favorecia com sua palavra; mas, não obstante o poder de princípio espiritual, quão necessário foi alentá-los con-tinuamente, ampará-los, prometer-lhes e até rodeá-los de precau- ções! Acaso a natureza humana não é presa de todos os sofrimentos da contradição, de todos os flagelos dos estados mórbidos, de todas as causas, de todos os efeitos das paixões terrestres e carnais?...
Espantosos sofismas preparam as tempestades; Jesus faz ouvir sua voz de apóstolo de Deus à Humanidade, da qual é sempre o Messias, e isto pelas expansões de seu espírito em um espírito humano. Este espírito depositário possui todas as faculdades inerentes à compreensão das obras de Jesus. É de condição obscura entre os homens e encontra-se ligado a Jesus por dependências de ordem espiritual.
Apesar disto, como as disposições de todo o espírito depositário se prestam para as manifestações de ordem superior ou as esgotam rapidamente, o espírito humano depositário da palavra de Jesus tinha que preferir o isolamento ao bulício e fazer prevalecer as luzes da verdade sobre os interesses temporais, sem o que as tentativas de Jesus teriam resultado vãs.
Irmãos meus, abençoai a majestosa aliança de vosso Messias com Deus e colhei os frutos da doce aliança de Jesus com um espírito humano.
Cumpri minha palavra em manifestar-vos porque vim neste tempo e em tal lugar, melhor que em outro.
Devo acrescentar que vossa atual situação atrai a compaixão de todos os espíritos dignos do amor de Deus.
Que a paz seja convosco, irmãos meus.
Jamais esta palavra foi de uma aplicação tão necessária.
Que a paz seja convosco e que a ciência vos abra os caminhos da felicidade.
Que a paz seja convosco! E que a morte daqui vos dê a vida livre sob os olhares de Deus.

FIM DA PRIMEIRA PARTE


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Desejo a todos, muita luz, paz e amor.
Darci Dickel

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